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Discurso do novo chanceler é lufada de ar fresco
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O discurso de posse de Carlos França, o novo chanceler brasileiro, representa uma lufada de ar fresco nos porões do Itamaraty. O que há de mais extraordinário na manifestação inaugural do novo ministro das Relações Exteriores do Brasil é a ausência do extraordinário. O substituto de Ernesto Araújo retomou o básico da diplomacia. Com isso, ele iluminou os pés de barro da gestão do seu antecessor, que já foi tarde.
O básico nunca foi tão necessário à diplomacia brasileira. Carlos França soou óbvio ao anunciar o que chamou de três "urgências" da política externa brasileira: o combate à pandemia, a economia e a mudança climática. Nada como o óbvio para contrastar com os fantasmas que Ernesto Araújo criava para se espantar com eles. Sumiram do discurso oficial assombrações como o "globalismo", o "covidismo", o "comunavírus".
Carlos França anunciou que embaixadas e consulados brasileiros no exterior se engajarão na "diplomacia da saúde". Farão um mapeamento das vacinas disponíveis. Estabelecerão contato com "governos e laboratórios". Talvez não encontrem vacinas. Mas é um alento para o contribuinte brasileiro, que financia a estrutura e os salários do Itamaraty, saber que os diplomatas darão prioridade ao que é obviamente prioritário.
O novo chanceler mencionou sua preocupação com a urgência climática, o Mercosul e a pretensão do Brasil de ingressar na OCDE, o clube dos países ricos. Tudo isso, segundo suas palavras, num "intenso esforço de cooperação internacional", "sem exclusões", "sem preferências desta ou daquela natureza." Significa dizer que o Itamaraty talvez pare de brigar com a China, talvez se aproxime do presidente americano Joe Biden, talvez deixe de implicar com a Argentina, talvez troque o projeto de virar pária pela ressurreição da diplomacia brasileira.
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