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Bolsonaro diz a empresários que seus adversários levariam país ao caos
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Num instante em que o empresariado critica a escassez de vacinas e cobra atenção às reformas econômicas estruturais, Jair Bolsonaro disse em jantar com empresários que a situação seria pior se o presidente fosse outro. Declarou que o Brasil teria "afundado" se o petista Fernando Haddad tivesse prevalecido em 2018. Afirmou que o país teria experimentado o "caos social" se qualquer um dos atuais presidenciáveis estivesse no Planalto.
O jantar ocorreu na noite desta quarta-feira, em São Paulo, na casa de Washington Cinel, dono da empresa de segurança Gocil. O pano de fundo já contém sinais evidentes de caos: hospitais e cemitérios saturados com os mais de 340 mil cadáveres produzidos pela covid-19. Pela manhã, de passagem pela cidade catarinense de Chapecó, Bolsonaro dissera que está "se lixando" para 2022. A menção noturna aos rivais indica o contrário.
Bolsonaro discursou para cerca de duas dezenas de comensais. A alturas tantas, disse que, a despeito das "porradas" que recebe, o país vai bem. Não chegou a definir o seu conceito de ir bem. Mas citou como evidência o leilão realizado horas antes. Nele, o governo levou ao martelo 22 aeroportos. E arrecadou R$ 3,3 bilhões em outorgas. Para o orador, foi um sinal de "confiança" dos investidores.
Um dos empresários contou à coluna que Bolsonaro foi aplaudido ao afirmar que não cogita furar o teto de gastos. Atribuiu ao Congresso a responsabilidade pela aprovação de reformas econômicas estruturais. Absteve-se de explicar por que não molha o paletó pelas reformas. Ninguém se atreveu a cobrar explicações.
Alguns dos presentes haviam criticado o governo em jantar realizado no mês passado com o senador Rodrigo Pacheco e o deputado Arthur Lira, presidentes do Senado e da Câmara. Mas os críticos não se animaram a repetir as queixas diretamente para Bolsonaro. Ao contrário, o presidente ouviu palavras de estímulo.
Alguns empresários manifestaram preocupação com o ritmo da vacinação contra covid e com as repercussões da pandemia na economia. Bolsonaro fez declarações protocolares de comprometimento com o processo de imunização. Mas reiterou no jantar todas as idiossincrasias que marcam a sua retórica na pandemia.
Bolsonaro declarou-se contra o "lockdown", como se refere às medidas restritivas impostas por estados e municípios. Pregou o retorno à "normalidade". Defendeu o "direito" dos médicos de receitar medicamentos sem comprovação científica em "tratamento precoce" contra a covid. Criticou governadores e prefeitos que decretam o fechamento de igrejas. Quer dizer: Bolsonaro soou como Bolsonaro no jantar.
O presidente estava acompanhado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e de cinco ministros: Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Marcelo Queiroga (Saúde), Fábio Faria (Comunicações) e Augusto Heleno (Segurança Institucional).
Entre os empresários, havia representantes de logomarcas de peso dos setores financeiro, industrial e varejista. Por exemplo: Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), André Esteves (BTG Pactual), David Safra (Banco Safra), Rubens Ometto Silveira Mello (Cosan) e Flávio Rocha (Riachuelo). O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também deu as caras.
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