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PGR atira em governadores e acerta Bolsonaro
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Aliada do antiprocurador-geral Augusto Aras e simpática ao governo Bolsonaro, a subprocuradora Lindôra Araújo levou os governadores à alça de mira. Em ofícios remetidos aos estados, cobrou explicações sobre a aplicação de verbas federais no combate à pandemia. Ao questionar sobre o fechamento prematuro de hospitais de campanha, encampou a tese bolsonarista de que houve "prejuízo ao erário, não só em relação às vidas com a falta atual de leitos como o decorrente da verba mal utilizada."
É bom, muito bom, ótimo que a subprocuradora demonstre interesse por procurar dados sobre o destino do dinheiro subtraído do bolso dos brasileiros. Mas a doutora precisa ampliar seu campo de visão. Alargando seus horizontes, Lindôra perceberá que acertou o pé de Bolsonaro. Convém enviar ofício também para o presidente.
Em 22 de outubro do ano passado, desativou-se na cidade goiana de Águas Lindas um hospital de campanha com 200 leitos. Foi construído pelo governo federal. Custou algo como R$ 10 milhões. Inaugurado numa aglomeração comandada por Bolsonaro e ornamentada pelo governador de Goiás Ronaldo Caiado, funcionou por apenas quatro meses.
O governo goiano encareceu ao Ministério da Saúde que mantivesse o hospital aberto pelo menos até o final do ano passado. A resposta foi negativa. No mês seguinte, novembro de 2020, Bolsonaro declarou que esse negócio de segunda onda não passava de "conversinha". Em dezembro, decretou num discurso: "Estamos vivendo o finalzinho da pandemia."
Lindôra Araújo já dispõe de informações sobre o hospital de campanha de Águas Lindas. Recebeu os dados da Secretaria de Saúde de Goiás. A doutora faria um bem a si mesma e ao interesse público se divulgasse cópia de ofício que eventualmente pode ter endereçado ao governo Bolsonaro, cobrando explicações. Do contrário, não haverá força no universo capaz de eliminar a maledicência segundo a qual a subprocuradora atira nos governadores para socorrer Bolsonaro às vésperas da CPI da Pandemia.
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