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Supremo devolve o Brasil à fase pré-mensalão
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Imaginava-se que o Brasil estivesse imunizado contra retrocessos quando o então senador Romero Jucá, vírus político da cepa do MDB, declarou numa conversa vadia que a oligarquia política precisava costurar um grande acordo para "estancar a sangria" provocada pela cruzada anticorrupção. "Com o Supremo, com tudo", disse ele em 2016, sem saber que estava sendo gravado por um delator. Decorridos cinco anos, o "efeito Jucá" prevaleceu. Consolidou-se no Brasil o processo de restauração da imoralidade.
O Supremo Tribunal Federal presenteou a oligarquia política e empresarial corrupta com dois movimentos que simbolizam o êxito da reação. Num, o plenário da Suprema Corte avalizou a anulação das condenações que adornavam a ficha corrida de Lula. Em teoria, os processos do tríplex e do sítio terão de ser julgados novamente. Na prática, os crimes irão prescrever. Noutro gesto, o Supremo forneceu a maioria de votos necessária para grudar na biografia de Sergio Moro a pecha de juiz suspeito, parcial.
A Lava Jato havia sido empurrada para a cova há tempos. A restauração do passado começou quando aguardavam na fila por uma condenação personagens como Aécio Neves, José Serra e Michel Temer, amigos de Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Na outra ponta, foram ganhando o meio-fio personagens como Lula e José Dirceu, amigos de Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Ironicamente, chegou-se à fase em que o Supremo joga terra em cima da Lava Jato graças ao material fornecido pela própria força-tarefa de Curitiba, por meio das mensagens roubadas dos celulares de procuradores.
No momento, o centrão preside a Câmara. Assumiu cofres importantes em ministérios estratégicos. E passou exercer a coordenação política da Presidência, de onde distribui, sem intermediários, emendas orçamentárias a deputados e senadores. Lula se equipa para 2022. Bolsonaro prepara-se para reforçar a blindagem familiar com a indicação de uma segunda toga para o Supremo. Nada se cria, nada se transforma no Brasil. Tudo se corrompe. Antes de chegar à fase pós-petrolão, o Brasil recuou ao período pré-mensalão .—com uma rachadinha de permeio.
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