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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Doria defende 'nome de centro' para novembro

Carla Carniel/Reuters
Imagem: Carla Carniel/Reuters

Colunista do UOL

25/04/2021 05h58

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O governador paulista João Doria (PSDB) defendeu em entrevista ao jornal O Globo que o autoproclamado centro político defina até novembro o nome de um candidato único para medir forças em 2022 com Lula e Bolsonaro.

"Neste momento, é a hora de manter esse campo do polo democrático mais expandido. Ao final do ano, provavelmente em novembro, ele deverá estar ampliado no seu âmbito de referências, mas com a definição de um nome que possa representar o centro no embate eleitoral."

Doria assinou no final do mês passado, junto com outros cinco presidenciáveis, manifesto em defesa da democracia. Os demais subscritores foram Ciro Gomes (PDT), Luciano Huck (sem partido), Eduardo Leite (PSDB), Henrique Mandetta (DEM) e João Amoêdo (Novo).

Curiosamente, Doria disse que o tal "polo democrático" reúne sete pessoas. Como não mencionou os nomes, supõe-se que inclua Sergio Moro na sua lista. Convidado a assinar o manifesto pró-democracia, Moro preferiu se abster. Tantos nomes não cabem na pretendida terceira via. E não era fácil juntá-los em via única.

Perguntou-se a Doria se considera real a hipótese de uma aliança com Ciro Gomes. E ele: "Nesse momento, a gente não pode descartar nada. Temos que ter uma visão um pouco mais sublimada das questões partidárias, eleitorais e até ideológicas. Colocar o Brasil em primeiro lugar e manter esse pensamento até o limite do possível. Qual é esse limite? A meu ver, será novembro, um ano antes do pleito eleitoral. Até lá, temos que dialogar e evoluir até chegarmos a um nome que permita uma conclusão."

Ao bulir com as Forças Armadas, Bolsonaro não conseguiu articular a formação do que chama de "meu Exército." Mas obteve o feito colateral de empurrar para dentro de um manifesto pró-democracia seis potenciais adversários na corrida presidencial de 2022.

O documento foi articulado por Mandetta. Numa conjuntura marcada pela perspectiva de polarização entre Lula e Bolsonaro, a iniciativa produziu alguma surpresa. Mas sete meses parece pouco tempo para extrair de um grupo tão heterogêneo um candidato único. A zona de convergência é pequena como um biquini fio-dental. Não esconde nem as vergonhas que uns sentem de dialogar com outros.