Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Só vacina pode atenuar 'infecção' de Bolsonaro
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A má notícia para Bolsonaro é que ele vive o seu pior momento. A boa notícia para o presidente é que ainda há tempo para uma reação. Como primeira providência, Bolsonaro precisa lidar com a crise sanitária com a disposição de um ex-Bolsonaro.
Segundo o Datafolha, a aprovação do presidente caiu ao menor patamar desde o início de seu mandato. Consideram a sua gestão ótima ou boa apenas 24% dos brasileiros. Esse percentual era de 30% em março.
Com a ficha lavada pelo Supremo Tribunal Federal, Lula retornou à corrida presidencial liderando com folga as intenções de voto. No primeiro turno, prevaleceria sobre Bolsonaro por um placar de 41% a 23%. Venceria o segundo turno por 55% a 32%.
A tormenta de Bolsonaro é política. Mas a saída está na economia. A chave de tudo é a vacina. A capacidade de recuperação do presidente está diretamente ligada à velocidade da vacinação.
Em março de 2020, quando o coronavírus começou a matar no Brasil, Bolsonaro declarou: "Está havendo uma histeria. Se a economia afundar, afunda o Brasil. Se acabar a economia, acaba qualquer governo. Acaba o meu governo."
O que havia de errado no raciocínio era o diagnóstico de "histeria". O resto revelou-se premonitório. Não há popularidade sem prosperidade. Só o avanço da vacinação pode levar à retomada da atividade econômica, com seus efeitos no mercado de trabalho. Isso tenderia a atenuar a crise que assedia Bolsonaro.
A situação está crivada de ironia. Depois de conspirar contra as vacinas, o presidente se dá conta de que elas são o único remédio contra a infecção que debilita o seu mandato. Atrasando-se o relógio, percebe-se o quanto Bolsonaro conspirou contra si mesmo.
Em agosto de 2020, o presidente deflagrou uma campanha pela liberdade do brasileiro de não se vacinar. Simultaneamente, negou-se a liberar a aquisição de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer. Em outubro, afirmou que vacina obrigatória só no Faísca, o cachorro da família Bolsonaro. No mesmo mês, desautorizou a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. Em novembro, festejou como vitória pessoal a morte de um voluntário dos testes conduzidos pelo Butantan. Era suicídio.
Com 66 anos, Bolsonaro já poderia ter tomado a vacina desde o dia 3 de abril. Preferiu se abster. Politicamente, a vacina é tão obrigatória para o futuro de Bolsonaro quanto o ar que o presidente respira.
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