Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
No Gran Circo Brasil, polarizou-se até o futebol
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Noutros tempos, o futebol era o esporte das multidões. No momento, há mais política do que esporte. E o vírus eliminou as multidões.
A Copa está marcada para domingo. Mas o Brasil já assiste a um inusitado torneio de mediocridade. Era o que faltava: polarizaram a seleção de futebol.
Flávio Bolsonaro, o zero à esquerda número um, alardeia num vídeo que o técnico Tite torce nariz para a Copa porque é "hipócrita", "puxa o saco" do Lula e quer "boicotar" o governo.
Em aliança com um caboclo pilhado num escândalo de assédio sexual, Jair Bolsonaro trama nos subterrâneos da CBF a troca de Tite pelo bolsonarista Renato Gaúcho.
Tudo isso e mais a carta que o lulista Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, enviou à seleção para insuflar um motim comunista. Não haveria maior conquista do que o boicote à Copa América, escreveu o senador para os jogadores e o técnico.
Num instante em que o brasileiro precisa de vacinas, empregos e pão, a República se engalfinha ao redor do circo de uma Copa América que Colômbia e Argentina se recusaram a sediar.
O esforço para converter a grande área em cemitério da sensatez é desnecessário. O mundo inteiro já observa com espanto o Gran Circo Brasil, que proporciona espetáculos únicos na pandemia —um ilusionista, uma dúzia de trapezistas e 212 milhões de palhaços.
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