Topo

Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Justiça Eleitoral aplica xeque-mate em Bolsonaro

Reprodução/Foco do Brasil
Imagem: Reprodução/Foco do Brasil

Colunista do UOL

22/06/2021 00h51

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Bolsonaro, quando não tem o que dizer, mente um pouco. Na sua lorota mais reincidente, o capitão jura que tem "provas materiais" de que houve fraude nas urnas de 2018, que consagraram a sua vitória. Sustenta que, sem mutreta, teria sido eleito no primeiro turno. O ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, aplicou em Bolsonaro algo muito parecido com um xeque-mate. Intimou-o a apresentar em 15 dias as provas que diz possuir.

A providência chega com um ano e três meses de atraso. A primeira vez que Bolsonaro falou em público sobre fraude eleitoral foi em 9 de março de 2020, num encontro com empresários, nos Estados Unidos. "Nós temos não apenas palavras, nós temos comprovado. Brevemente eu quero mostrar", disse ele nesse dia. Nunca prova nenhuma. Com o tempo, enganchou na lorota a exigência de aprovação do voto impresso, sem o qual o resultado de 2022 seria inconfiável.

Bolsonaro é o primeiro político da história que considera fraudulentas a eleição que já venceu e a disputa que ainda não travou. Mal comparando, Bolsonaro se parece com um cano furado. Um esbanja água num esguicho perdulário. Outro esbanja inverdades.

Decorridos os 15 dias fixados pelo corregedor do TSE, se as provas de fraude não forem levadas à vitrine, será necessário estipular um castigo para o mentiroso. Na hipótese mais benevolente, Bolsonaro comete crime de denunciação caluniosa. No pior dos mundos, o presidente incorre em crime de responsabilidade.