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Patriotismo à moda Bolsonaro produz suspensão de professora em Mato Grosso
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Filmar professor em sala de aula é algo deplorável. Afastar uma professora de ensino médio de suas atividades por ter feito declarações que estimulam seus alunos a refletirem sobre o trabalho do presidente do seu país é lamentável. Submeter os alunos a um sobrevoo de helicóptero tripulado por policiais militares brandindo a bandeira nacional a pretexto de dar lições de patriotismo é uma versão tosca do velho hábito nacional de jogar dinheiro público pela janela. É um flerte com a improbidade administrativa. Saber que tudo isso aconteceu no estado de Mato Grosso é um sinal dos tempos.
Sob Bolsonaro, o absurdo adquiriu uma doce, persuasiva, admirável naturalidade. O brasileiro se espanta cada vez menos com tudo o que se diz e o que se faz. É como se o país tivesse suprimido dos seus hábitos o ponto de exclamação. Mas chega uma hora em que é preciso fazer a concessão de uma surpresa.
O ponto da surpresa foi alcançado no instante em que cada pronunciamento de Bolsonaro, cada palavra dele passou a soar como um tiro de fuzil disparado contra o interesse nacional. O ponto de reação foi ultrapassado no momento em que o presidente começou a se equipar para o feriado de 7 de Setembro como se marchasse para uma zona de guerra.
A professora gravada e suspensa na escola de Mato Grosso falou sobre a inação do presidente diante do desmatamento, o estímulo oficial ao garimpo em terras indígenas, a falta de lógica da defesa do voto impresso, a presença de pessoas desonestas ao lado do presidente e a volta da inflação. São temas atuais e estimulantes. Num ambiente politico desintoxicado, os pais e a direção da escola talvez considerassem a hipótese de parabenizar a professora, em fez de puni-la.
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