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Conversa de Bolsonaro com Moraes é espantosa
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A conversa telefônica entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes é surpreendente e espantosa. Surpreende porque uma pessoa que dialoga amistosamente com alguém que o chamou de "canalha" em praça pública 48 horas antes revela uma flexibilidade moral extraordinária. Espanta porque com um magistrado que oferece diálogo a quem merece interrogatório exibe uma compreensão ordinária do seu papel institucional.
Até os mármores do Supremo sabem que Bolsonaro, um autocrata que a carta escrita por Michel Temer vestiu com pele de cordeiro, deseja submeter as instituições à sua vontade. Quem ousa se comportar com independência é tratado por ele como inimigo da nação.
Alexandre de Moraes é relator de inquéritos em que Bolsonaro, seus filhos e seus aliados figuram na condição de investigados. Nas eleições de 2022, o doutor presidirá o Tribunal Superior Eleitoral, uma Corte onde correm investigações que podem resultar na decretação da inelegibilidade de Bolsonaro.
Nesse contexto, o único lugar onde Alexandre de Moraes deveria conversar com Bolsonaro seria no corpo dos processos, um local onde a voz do presidente é ecoada por meio das petições dos seus advogados.
Quando o magistrado conversa com o investigado num telefonema intermediado por Michel Temer, patrono de sua indicação para o Supremo, encosta o rito processual perigosamente num enredo político.
Alega-se que a conversa não teve nada de mais. Mas não há força no universo capaz de eliminar a maledicência segundo a qual, neste caso, nada é uma palavra que ultrapassa tudo.
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