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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Capitão da CGU prestou depoimento para Jair Bolsonaro, não à CPI da Covid

Colunista do UOL

22/09/2021 10h05

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Wagner Rosário tornou-se um depoente cenográfico. Içado por Michel Temer da reserva do Exército para a chefia da Controladoria-Geral da União e mantido por Bolsonaro, o capitão Rosário não prestou propriamente um depoimento à CPI da Covid. Ele exibiu uma encenação para as câmeras. Produziu um espetáculo para Bolsonaro assistir.

O pseudo-depoente não conseguiu se defender da acusação de negligência no caso Covaxin. Mas caprichou na teatralidade. Anabolizado e mutretado, o contrato para a compra de 20 milhões da vacina indiana foi cancelado depois de virar escândalo. E o chefe da CGU sustenta que nada de errado sucedeu. Ficou mal com a plateia. Subiu no conceito do chefe.

Senadores da bancada da cloroquina acham que Rosário teve bom desempenho enquanto exercitou sua petulância nas respostas ao relator Renan Calheiros, principal desafeto da família Bolsonaro. Avaliam que o capitão tropeçou ao reagir às investidas de Simone Tebet.

Moído pela senadora, que o chamou de "engavetador", Rosário subiu no coturno: "A senhora está completamente descontrolada." Na verdade, era o capitão quem estava inteiramente desgovernado. Fora de si, exibiu o machismo que tem por dentro. Armou-se um barraco. Rosário entrara na CPI como testemunha. Saiu como investigado.

O capitão desculpou-se com a senadora. Primeiro, em privado. Depois, na vitrine das redes sociais. "Às vezes, no calor do embate, somos agressivos inconscientemente. Estendo minhas desculpas a todas mulheres que tenham se sentido ofendidas."

Desculpas não caem bem junto a Bolsonaro. Mas Rosário pode arrancar gargalhadas do chefe se alegar que precisava ajeitar as coisas em casa. Sob Bolsonaro, nenhum script é tão ruim que não possa se tornar bem pior.