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Sabão de Contarato em Fakhoury lavou a alma
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Se a passagem dos empresários bolsonaristas Luciano Hang e Otávio Fakhoury pela CPI da Covid serviu para alguma coisa foi para comprovar a importância do silêncio. Verificou-se que são abençoadas as pessoas que, não tendo nada a dizer, evitam demonstrar sua debilidade mental com palavras.
Graças ao senador Fabiano Contarato, o depoimento de Fakhoury foi menos inútil do que o de Hang. Serviu para comprovar que o bolsonarismo só morde quando está escondido atrás do teclado do computador ou da tela do celular. Ao vivo, os devotos do mito abanam o rabo.
Em sua exposição inicial, o depoente apresentou-se à audiência da CPI como vírus de uma cepa quatrocentona de São Paulo. Declarou-se cristão, cultor da família, defensor da liberdade de expressão e obediente às leis. Sentado na cadeira reservada ao presidente da CPI, Contarato apresentou Fakhoury a si mesmo.
Alvo de ataque homofóbico que o depoente postara havia quatro meses, Contarato informou a Fakhoury o seguinte: dinheiro não compra dignidade, a família de um casal gay é tão respeitável quanto qualquer outra, homofobia é crime inafiançável e liberdade de expressão não socorre quem se exprime fora dos limites da lei.
Reduzido à sua insignificância, Fakhoury desculpou-se pelo que chamou de "brincadeira de mau gosto". Terá de explicar o seu humor torto ao Ministério Público Federal, para onde a direção da CPI remeteu um pedido de investigação do crime.
O sabão de Contarato lavou a alma da plateia. Desnudado, Fakhoury exibiu-se à CPI por cinco horas vestido apenas com seu negacionismo sanitário. O episódio magnificou o erro cometido pela CPI ao fornecer palco para gente, além de não ter nada de aproveitável a dizer, desconhece o valor do silêncio.
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