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Lentidão do STF para definir formato do depoimento de Bolsonaro é um acinte
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Costuma-se dizer que as instituições funcionam bem no Brasil. O Supremo Tribunal Federal desafia essa percepção no caso sobre a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Depois de um ano de espera, o plenário da Suprema Corte decidirá o formato do depoimento do presidente no inquérito aberto a partir de denúncias do ex-ministro Sergio Moro.
Por escrito ou presencial? Impossível afirmar que funciona adequadamente um tribunal que leva um ano para responder a uma pergunta tão singela e, ao mesmo tempo, tão relevante. Além de representar um acinte, a demora serviu como estorvo para a investigação e estímulo à delinquência.
Enquanto aguardava, Bolsonaro tornou-se um infrator em série. Apenas no Supremo, responde a quatro inquéritos. Ironicamente, o capitão reivindica um tratamento de Michel Temer.
Crivado de denúncias na época em que exerceu a Presidência, Temer foi autorizado pelos ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, em decisões individuais, a depor por escrito. Nesse formato, é evidente que os advogados respondem pelo investigado.
O ex-decano Celso de Mello, agora aposentado, negou o benefício a Bolsonaro. E o plenário do Supremo, dividido, dará a palavra final nesta quarta-feira.
Para uma pessoa como Bolsonaro, que fala dez vezes antes de pensar, ser interrogado por escrito, no ambiente inofensivo da folha de papel, é mais seguro do que num encontro cara a cara com um delegado. Mas ainda que fosse obrigado a encarar um delegado, o presidente poderia recorrer ao direito constitucional de ficar em silêncio para não se autoincriminar.
Além disso, Bolsonaro não corre maiores riscos, pois o destino final do inquérito policial será a mesa do procurador-geral da República Augusto Aras. Esse móvel, como se sabe, é 100% feito de gavetas.
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