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Guedes vira ministro 007: 'Licença para gastar!'
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A realidade brasileira supera a ficção. Paulo Guedes se autoconverteu num ministro 007, com licença para gastar. No cinema, James Bond mata os vilões, livrando a humanidade de todas as ameaças. No Ministério da Economia, Guedes utiliza a fome dos pobres como álibi para exterminar os últimos resquícios de responsabilidade fiscal.
A aventura do agente secreto Bond é divertida, dura o tempo de uma sessão de cinema e custa um ticket. A desventura do economista Guedes é sem graça, invade os futuros governos e custa a alta da inflação.
Há no Brasil 43 milhões de pessoas com alimentação precária e 19 milhões de famintos. O governo prometia há mais de um ano providenciar um reforço do Bolsa Família para a fase pós-auxílio emergencial.
O pagamento do vale pandemia termina em dez dias. E Bolsonaro oferece não um programa de renda mínima, mas uma empulhação eleitoral.
O objetivo do governo não é saciar a fome de brasileiros que disputam restos de comida com ratos nas caçambas de lixo. Deseja-se matar a fome de votos de um presidente em apuros.
Um governo sério socorreria os pobres cortando o auxílio centrão, que custa R$ 17 bilhões em emendas orçamentárias secretas, e as isenções tributárias estimadas em R$ 371 bilhões no Orçamento de 2022. Paulo Guedes prefere se autoatribuir uma licença para gastar.
Com essa licenciosidade, o ministro derruba o teto de gastos na cabeça dos brasileiros que o governo finge socorrer. Rebatizado de Auxílio Brasil, o Bolsa Família passará de R$ 189 para R$ 400. O grosso do reajuste será temporário, com prazo de validade até dezembro do ano eleitoral de 2022.
Além de um furo de R$ 30 bilhões no teto de gastos, haverá um calote nas dívidas judiciais. A inflação resultante da irresponsabilidade fiscal mastiga o socorro antes de sua formalização, permitindo aos famintos ganhar cada vez menos para alimentar a ilusão de que conseguirão comprar alimentos que custam cada vez mais.
O economista Paulo Guedes virou um ficcionista que venceu na vida. Junto com a inflação sobe o câmbio. A diferença é que a alta do custo de vida reduz o valor de compra de salários e benefícios sociais. E a alta da cotação da moeda americana valoriza a fortuna do ministro no paraíso caribenho.
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