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Mourão expõe riscos a que Bolsonaro se submete com um vice do centrão
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Bolsonaro já comparou seu vice a um cunhado: "Você casa e tem que aturar, não pode mandar embora", disse. Num instante em que o presidente negocia seu futuro com PP e PL, no pressuposto de que um dos partidos do centrão oferecerá abrigo para sua candidatura à reeleição e o outro indicará o candidato a número dois da chapa, a entrevista de Hamilton Mourão ao UOL vale como um aviso: brigar com o vice é ruim, desprezá-lo pode ser fatal.
Mourão disse que, se quisesse, poderia ter articulado a deposição de Bolsonaro. Crise não faltou. "Se eu fosse um político de outra estirpe, eu teria negociado ali dentro do Congresso um impeachment do presidente", disse o general. A história mostra que, de fato, brigar com vice é coisa arriscada.
Na ditadura, o general João Baptista Figueiredo brigou com o vice. Deixou o Planalto pela porta dos fundos. E Aureliano Chaves virou ministro do governo Sarney, numa equipe escalada por Tancredo Neves. Na democracia, Fernando Collor e Dilma Rousseff também brigaram com seus vices. Ambos foram depostos. Assumiram o trono Itamar Franco e Michel Temer.
O que Mourão declarou, com outras palavras, foi mais ou menos o seguinte: "Se no meu lugar estivesse um vice do centrão, Bolsonaro já teria sido mandado para casa."
Ao classificar as emendas secretas do orçamento federal como "manobras orçamentárias em benefício daqueles que apoiam o governo", o general como que insinuou que a sobrevida de Bolsonaro tem também um componente monetário.
De resto, no trecho da entrevista em que disse que Sergio Moro é o único presidenciável da chamada terceira via que anima uma "parcela esclarecida da população", Mourão sinalizou que o desentendimento com seu ex-ministro da Justiça pode custar a Bolsonaro um pedaço do eleitorado conservador.
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