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Bolsonaro vai a 2022 com ilusão de que rachadinha será excluída dos debates
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Bolsonaro revela-se otimista nos bastidores com a decisão que será tomada na terça-feira pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal no julgamento sobre o caso da rachadinha do primogênito Flávio. O Ministério Público do Rio de Janeiro pede que o caso seja devolvido ao juiz federal Flávio Itabaiana. O presidente avalia que será assegurado ao seu filho o foro especial do Tribunal de Justiça do Rio.
Bolsonaro deseja manter o processo sedado no pressuposto de que conseguirá excluir a rachadinha dos debates de 2022. Em entrevista à Rede TV, o presidente disse que pretende participar de debates, desde que não sejam abordados assuntos pessoais ou familiares. Trata-se de uma ilusão. Ou de um pretexto para a fuga.
Para salvar Flávio Bolsonaro, livrando-o dos rigores de um juiz de primeiro grau, a Segunda Turma terá de matar a jurisprudência do Supremo, que associa o foro especial a delitos cometidos no exercício do mandato. Flávio não é mais deputado estadual. Portanto, acusações relacionadas ao seu mandado na Assembleia Legislativa do Rio descem —ou deveriam descer— para a primeira instância.
Bolsonaro espera muito do Supremo. Além do foro especial para o primogênito, acredita no aval à decisão do STJ que produziu a anulação de provas contra o filho. A Segunda Turma é presidida por Nunes Marques, toga de estimação de Bolsonaro. "Tenho 10% de mim dentro do Supremo", costuma jactar-se o presidente, referindo-se à indicação do ministro.
O relator do caso é Gilmar Mendes, outro magistrado com quem Bolsonaro diz que gosta de conversar. O julgamento ocorre com quase um ano e meio de atraso. Nesse intervalo, a investigação do Ministério Público que encurralou Flávio Bolsonaro foi esquartejada pelo STJ.
O roubo de parte dos salários dos assessores do gabinete de Flávio ganhou as manchetes no final de 2018, quanto as urnas já haviam sido contabilizadas. Depois, descobriu-se que a rachadinha é uma holdind com sede no mandato de Bolsonaro na Câmara Federal e filiais nos gabinetes dos filhos Flávio e Carlos.
Imaginar que esse tema será excluído dos debates é algo tão ilusório quanto acreditar que ninguém vai incomodar Lula com questões sobre a corrupção nos governos do PT. Ou que nenhum adversário esfregará nas pretensões políticas de Sergio Moro a pecha de juiz parcial que o Supremo grudou nele.
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