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Bolsonaro embrulha o auxílio de R$ 400 para presente numa medida provisória
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Bolsonaro já estava decidido a implantar antes do Natal, na base do vai ou racha, o Auxílio Brasil de R$ 400. Avalia agora que a coisa tem que acontecer, mesmo que rachada. O dinheiro para pagar o benefício vem da PEC dos precatórios, que dá o calote em dívidas judiciais. Mas Câmara e Senado divergem sobre o conteúdo da emenda constitucional e a forma da promulgação. A divergência é mais uma oportunidade que Bolsonaro aproveita. Ele optou por embrulhar os R$ 400 para presente numa medida provisória.
Desse modo, o dinheiro chegará às casas de 14,6 milhões de famílias inscritas no Bolsa Família como uma generosidade do presidente, não como bondade do centrão ou uma concessão de parlamentares da oposição. O Congresso terá de construir um entendimento sobre a emenda do calote. Do contrário, o programa não ficaria em pé no ano de 2022. Mas essa é outra história. Para Bolsonaro, o mais importante é que sua assinatura apareça solitária no primeiro cheque.
Por trás da divergência que eletrifica o Congresso está o desejo do presidente da Câmara, Arthur Lira, de aplicar parte dos R$ 106 bilhões obtidos com o calote dos precatórios no financiamento de emendas do orçamento secreto, agora semitransparente, e no aumento do fundo eleitoral. O Senado carimbou a verba, direcionando-a integralmente para o novo Bolsa Família e despesas com Saúde, assistência social e aposentadorias.
As digitais do Planalto estão impressas na confusão. Bolsonaro também gostaria de deixar o dinheiro do calote livre para bancar o seu populismo eleitoral e as emendas que compram apoio ao governo no Congresso. Mas o presidente se finge de morto. Afinal, Lira e o centrão recebem para fazer o serviço sujo.
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