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Departamento de blindagem tornou-se a repartição mais eficiente do governo
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À espera de ser inocentado no inquérito que apura o aparelhamento político da Polícia Federal, Bolsonaro tomou gosto pelo uso da máquina do Estado. Todos os dias surgem novas evidências de que o presidente acha que o governo é dele e não abre mão de usá-lo como bem entender. A penúltima evidência de que o presidente usa e abusa da estrutura do Estado é o esquema montado no Ministério da Justiça para retardar a extradição de Allan dos Santos, blogueiro de estimação de Bolsonaro e dos seus filhos.
Notório difusor de notícias falsas, Allan dos Santos tornou-se um foragido nos Estados Unidos depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, emitiu contra ele, em outubro, uma ordem de extradição. A determinação judicial foi tocada no Ministério da Justiça na velocidade de uma tartaruga com Covid. Pessoas que esboçaram a intenção de fazer o processo andar foram admoestadas ou afastadas.
Chegou-se, então, a uma situação inédita. Sob supervisão do Supremo, a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, pôs-se a investigar um assessor do titular da pasta, Anderson Torres. Chama-se Vicente Santini. Comanda a Secretaria de Justiça. É acusado de criar embaraços à repartição incumbida de tocar a ordem de extradição junto com o Itamaraty, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI).
O ministro Torres e o assessor Santini têm algo em comum. Ambos são amigos dos filhos do presidente. E devotam a Bolsonaro uma fidelidade canina.
Se fosse isolado, o episódio envolvendo Allan dos Santos já seria gravíssimo. Mas o intervencionismo de Bolsonaro deixou de ser um fenômeno isolado. Hoje, o órgãos mais eficiente do governo é o Departamento de Blindagem. Não consta de nenhum organograma oficial, mas tem ramificações em todos os recantos da administração federal.
Para proteger Bolsonaro, os filhos e os amigos, ostaff da blindagem da age nos gabinetes dos ministros da Justiça e da Economia, na Polícia Federal, na Receita Federal, no Coaf, no DRCI e onde mais for necessário. Tudo isso com a cumplicidade da Procuradoria-Geral da República e a complacência do Supremo.
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