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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Olavo morre em meio ao funeral do bolsonavismo

Colunista do UOL

25/01/2022 09h56

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Olavo de Carvalho morreu doente e deprimido. O guru da Virgínia feneceu no instante em que assistia ao funeral do bolsolavismo, fenômeno que nascera da cruza de sua fuligem ideológica com a inanição mental da família Bolsonaro. De estrelas da Esplanada, os apadrinhados do guru do bolsonarismo tornaram-se críticos do governo. O próprio Olavo passou a chamar o presidente de "bunda mole". Há três meses, de passagem pelo Brasil, anteviu a derrota de Bolsonaro para Lula em conversa com um admirador que o visitou no hospital.

Sob influência dos filhos Carlos e Eduardo, Bolsonaro deixou-se influenciar por Olavo de Carvalho. O influenciador enxergava a cabeça do presidente como uma espécie de terreno baldio no qual podia atirar toda sorte de impurezas ideológicas. Convenceu Bolsonaro de que ele poderia liderar a partir do Planalto uma revolução capaz de deter a aliança que "liberais globalistas" e "marxistas" firmaram para dominar o planeta.

Num país sério, a pregação de Olavo de Carvalho seria apenas uma piada. No Brasil de Bolsonaro, tornou-se filosofia de governo. De repente, um ex-astrólogo que se autoproclamou filósofo virou ideólogo da primeira-família. Enfiou ex-alunos dos cursos que ministrava na internet no segundo e no primeiro escalão de Brasília. Colonizou com suas ideias medievais duas partas: Ministério da Educação e Itamaraty. Hoje, os olavistas como Abraham Weintraub e Ernesto Araújo sobem no alto dos escombros que produziram para espinafrar a rendição do governo ao centrão.

A morte de Olavo de Carvalho cai sobre a crise de relacionamento que separa Bolsonaro dos ex-aliados fiéis como uma lápide do bolsolavismo. O Bolsonaro antissistema deu lugar a um presidente sistêmico, conduzido pelos caciques do centrão.