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Vaivém de FHC mostra que Lula invadiu a 3ª via
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Em períodos eleitorais, até o ar está impregnado de declarações de voto. E vice-versa. Certas manifestações de apoio estão cheias de ar. É o caso da anotação feita por Fernando Henrique Cardoso no Twitter: "Já tive a oportunidade de manifestar o meu apoio ao candidato João Doria." À primeira vista, parece que o presidente de honra do PSDB está fechado com Doria. Mas em política nada do que se diz às claras é tão importante quanto o que é sussurrado na sombra.
Longe de representar prestígio, a hipotética manifestação de apoio expõe o drama de Doria. Em maio do ano passado, FHC reuniu-se com Lula. A foto do encontro foi exposta pelo presidenciável do PT na vitrine das redes sociais. Dias depois, FHC contou num evento público que anulou o voto no segundo turno de 2018. Informou que não repetiria o gesto em 2022. Adiantou que, para evitar Bolsonaro, não hesitará em optar por Lula.
"Acho melhor terceira via", disse FHC nessa época. "Mas, se não houver, quem não tem cão caça com gato. E, no caso, o gato [Lula] não é tão feroz, não é uma onça. É um gato pacificado, já tem experiência. A vida ensina."
No último Datafolha, João Doria amealhou 4% das intenções de voto. Ou seja: a menos que o "cão" do PSDB demonstre que pode voar, FHC votará em Lula.
No momento, Lula costura a inclusão de Geraldo Alckmin na sua chapa. Tucanos históricos, que torcem o nariz para Doria, fazem fila na antessala de Lula. Até Aloysio Nunes, vice de Aécio Neves na sucessão de 2014, já teve o seu dedo de prosa com o morubixaba do PT.
Doria e os outros candidatos engarrafados no acostamento da sucessão presidencial demoram a perceber. Mas Lula, que já ocupava a primeira pista, invadiu a terceira via. Fez isso cavalgando o PSDB.
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