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Bolsonaro ignora apelo do centrão para interromper sua cruzada negacionista
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Preocupados com os rumos da campanha presidencial de Bolsonaro, os chefões do centrão intensificaram a pressão interna para que o presidente abandone a sua cruzada antissanitária. Pesquisa encomendada pelo PL, partido de Bolsonaro, acendeu uma luz vermelha no painel de controle do centrão. Os dados confirmaram a oxidação da imagem de Bolsonaro. O presidente ignora, por ora, os apelos do centrão. Não se mostra disposto a mudar o seu comportamento.
A investida dos aliados de Bolsonaro ocorre num instante em que a variante ômicron chega à crista de uma nova onda de infecções no Brasil. Coincide também com uma ordem emitida pela ministra Rosa Weber, do Supremo, para que o ministro Marcelo Queiroga (Saúde), explique a nota técnica em que um de seus secretários, Hélio Angotti, ignorou estudo científico para reiterar a posição do governo pró-cloroquina e anti-vacina.
Nas palavras de um líder do centrão, a pasta da Saúde "opera no mundo da Lua." A metáfora não é boa, pois o governo está infestado de pessoas que duvidam que o homem tenha pisado o solo lunar. A gestão Queiroga se parece mais com uma orgia anticientífica para a qual os especialistas não se credenciaram adequadamente.
Quarto ministro da Pandemia, Queiroga se comporta como um centauro teórico. Mantém a cabeça lá em cima, na formação de cardiologista e nas mais altas normas éticas da medicina, e o corpo bem lá embaixo, na defesa da cloroquina, na protelação da vacinação de jovens e crianças, no adiamento da testagem, no esconde-esconde das doses encalhadas num depósito —enfim, Queiroga arrasta a bainha do seu jaleco de ex-médico no chão enlameado do negacionismo de Bolsonaro.
O centrão não está preocupado com a ciência, mas com as urnas. Os mandachuvas do grupo convenceram-se de que a teimosia de Bolsonaro tira votos. Avaliam que, para permanecer no salão principal da sucessão de 2022, Bolsonaro precisa limpar os pés. Mas receiam que o presidente deixe o melado escorrer.
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