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Petrobras já rendeu 3 cabeças para decoração da sala de troféus do capitão
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Bolsonaro terá de reservar uma parede da sua sala de troféus exclusivamente para os abatidos da Petrobras. Já estavam na coleção do capitão duas cabeças de ex-presidentes da estatal: a do economista Roberto Castello Branco e a do general Joaquim Silva e Luna. Menos de 48 horas depois do anúncio de um novo reajuste de 8,87% no preço do óleo diesel, foi apartada do pescoço a cabeça do almirante Bento Albuquerque, que deixa o comando do ministério de Minas e Energia. A queda do ministro, que será substituído por Adolfo Sachsida, assessor de Paulo Guedes, é parte de uma encenação inútil e enfadonha.
É inútil porque nada acontece na Petrobras, exceto o esforço de Bolsonaro para passar a impressão de que muito está acontecendo. O teatro é enfadonho porque todos já perceberam que o problema do governo não está nos auxiliares que são fritados, mas no dono da frigideira. Bolsonaro chamou de "estupro" na semana passada o lucro de R$ 44,5 bilhões que a Petrobras teve no primeiro trimestre de 2022. Insinuou que o agora ex-ministro e o recém-nomeado presidente da estatal, José Mauro Coelho, seriam os estupradores.
"Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel", disse Bolsonaro, aos berros. "Vocês não podem quebrar o Brasil." Quatro dias depois, subiu o preço diesel. Considerando-se que o valor do diesel continua defasado em relação à cotação do óleo no mercado internacional e que está no forno um aumento da gasolina, convém abrir espaço na sala de troféus do Alvorada para as cabeças do novo ministro Sachsida e de José Mauro, o terceiro presidente da Petrobras.
Com a inflação a lhe roer os índices de intenção de votos, Bolsonaro sabe que, a cinco meses da eleição, dispõe de dois caminhos. Ambos difíceis. Ou subsidia com verba do Tesouro os preços de combustíveis fósseis ou usa os dividendos que o governo recebe da Petrobras para compor um fundo de compensação dos reajustes. Mas o candidato prefere um terceiro caminho, que lhe parece eleitoralmente mais fácil: a trilha da enganação.
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