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Bolsonaro usa contra TSE tática do punguista
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Uma característica fundamental da dificuldade de avaliar Bolsonaro é ter que ouvir o personagem durante três anos e cinco meses para chegar à conclusão de que ele não diz nada que faça nexo. No seu embate permanente com a Justiça Eleitoral, Bolsonaro adotou uma tática muito utilizada pelos batedores de carteira para confundir suas vítimas.
Em reação aos surtos de Bolsonaro contra o sistema eleitoral eletrônico, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, elevou o tom. Declarou que a Justiça Eleitoral está "aberta a ouvir" sugestões, "mas jamais se curvará a quem quer que seja". Num trocadilho, o ministro rendeu homenagens ao óbvio: "Quem trata de eleições são forças desarmadas".
Ao responder a Fachin, Bolsonaro deu uma de desentendido. Depois de atiçar seus generais contra o TSE, de mentir sobre uma inexistente sugestão do Ministério da Defesa para que as Forças Armadas fizessem apuração paralela das urnas e de declarar que seu partido pagará uma empresa privada para auditar as eleições... depois de tudo isso, Bolsonaro disse: "Eu não sei de onde ele [Fachin] está tirando esse fantasma de que as Forças Armadas querem interferir na Justiça Eleitoral".
Bolsonaro age com o TSE mais ou menos como o punguista que bate a carteira e depois sai gritando "pega ladrão". Resta saber até onde os militares permitirão que o presidente use as Forças Armadas como cúmplices a sua carreira de batedor de carteira ideológico.
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