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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Moraes sinaliza que, ao botar fogo no circo, Bolsonaro queima a si mesmo

Colunista do UOL

15/06/2022 10h07

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Apesar de Bolsonaro tramar um Apocalipse para outubro, o mundo não terminará com a abertura das urnas. Ao discursar após ser confirmado como próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes sinalizou a disposição de transformar num inferno a vida do atual presidente, autoconvertido em arauto do caos. Moraes prometeu "eleições limpas, seguras e transparentes". E reiterou que será intolerante com "milícias pessoais ou digitais" que atentam contra a democracia.

Ficou entendido que Moraes continua empunhando a borduna que exibiu em outubro do ano passado, quando o TSE livrou a chapa Bolsonaro-Mourão da cassação. "Irão para a cadeia", ele avisou aos que ousassem repetir em 2022 o truque das mentiras disseminadas por milícias eletrônicas.

Bolsonaro teve a chance de retirar a macumba golpista da encruzilhada de 2022 em setembro do ano passado, quando assinou a carta-sedativo que Michel Temer escreveu para que ele se desculpasse por ter chamado Moraes de "canalha" no Dia da Pátria. Hoje, Bolsonaro atribui suas diatribes à alegação de que Moraes descumpriu compromissos supostamente assumidos antes da assinatura da carta-recuo. Entre os acertos estariam o encerramento do inquérito sobre fake news, que desnudou os milicianos no Supremo Tribunal Federal.

A partir de agosto, Moraes acumulará a chefia da Justiça Eleitoral com a relatoria desse inquérito sobre notícias mentirosas. A menos de quatro meses da eleição, o circo do golpismo de Bolsonaro está pegando fogo. Moraes afagou as Forças Armadas em seu discurso. Foi como se tentasse demonstrar que não é ele o piromaníaco. Já proporcionou a parte da infantaria de palhaços do bolsonarismo uma temporada na cadeia.

Se Bolsonaro prevalecer com com gol de mão, continuará sujeito à jurisdição de Moraes, um magistrado vitalício que comandará o TSE até junho de 2024. Se perder, o capitão descerá para o mármore quente da primeira instância do Judiciário sem as prerrogativas do mandato e sem a blindagem de Augusto Aras e a proteção do centrão de Arthur Lira. Nessa hora, Bolsonaro perceberá que, ao botar fogo no circo, queimou a si mesmo.