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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Guedes denuncia strip-tease do centrão desnudando-se na frente das crianças

Colunista do UOL

22/06/2022 10h59

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Paulo Guedes tornou-se uma caricatura burlesca de liberal. No momento, está aprisionado num paradoxo. Sustenta junto a Bolsonaro que seria um erro ceder à pressão do centrão, editando uma medida provisória para desfigurar a Lei das Estatais. Simultaneamente, Guedes quer apressar a posse na presidência da Petrobras de Caio Paes de Andrade, um ex-secretário do Ministério da Economia que não preenche as exigências da Lei das Estatais para o exercício do cargo. É como se Guedes quisesse proteger a lei, violando-a.

O governo pressiona a Petrobras para efetivar o auxiliar de Guedes no comando da estatal até sexta-feira. Todos fingem que o artigo 17 da Lei das Estatais não existe. Esse trecho da lei exige que o dirigente de estatal tenha dez anos de experiência em empresas públicas ou de economia mista na área de atuação da Petrobras. Ou quatro anos como diretor da estatal que vai comandar, em cargos públicos de hierarquia superior ou em cargos de docência e pesquisa na área de atuação da estatal. Ou ainda quatro anos de experiência como profissional liberal em setores direta ou indiretamente ligados ao setor de petróleo.

Como Caio Paes de Andrade descumpre todas as exigências legais, Paulo Guedes, seu ex-chefe, virou motivo de chacota. Seu hipotético apego à legalidade provoca gargalhadas entre os aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira, líder do movimento que opera para virar a página da Lei das Estatais para trás, reabrindo as portas dos cofres de companhias como a Petrobras para a banda bandoleira da política. O iliberalismo de Guedes ficou nu. Exagerando na hipocrisia, o ministro denuncia o strip-tease do centrão desnudando-se sem pudores na frente das crianças.