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TJ-SP se autojulga no processo que opõe a jornalista da Folha e Bolsonaro
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Bolsonaro vai transformando a democracia brasileira num regime com a cabeça a prêmio porque o país lhe oferece material. Ao retomar nesta quarta-feira o julgamento do caso sobre a ofensa do presidente da República à jornalista Patrícia Campos Mello, o Tribunal de Justiça de São Paulo está diante de uma boa oportunidade para interromper por um instante o fornecimento da principal matéria-prima que utilizada por Bolsonaro em sua fábrica de ameaças: a impunidade.
Patrícia veiculou na Folha as reportagens que trouxeram à luz o esquema de financiamento clandestino dos disparos em massa via WhatsApp que vitaminaram a campanha de Bolsonaro em 2018. Sem respostas, o presidente recorreu, como de hábito, à ofensa. Numa conversa com os devotos do cercadinho do Alvorada, insinuou que a jornalista trocara informações por favores sexuais. Processado, foi condenado em primeira instância a pagar indenização de R$ 20 mil por danos morais.
Bolsonaro recorreu, alegando inocência. A jornalista também recorreu, pedindo o aumento da reparação. Interrompido por um pedido de vista, o julgamento será retomado com um placar de 2 a 1 a favor de Patrícia. Dois magistrados ainda precisam votar.
Desde que Bolsonaro chegou à Presidência, os repórteres de política viraram correspondentes de guerra em seu próprio país. Trabalham num campo de batalha, sob permanente bombardeio do presidente da República.
Patrícia Campos Mello ousou levar a guerra aos tribunais. Os magistrados precisam informar de que lado estão. Não estão julgando apenas uma pendência entre a jornalista e o presidente. Julgam o próprio Tribunal de Justiça. No limite, decidem que tipo de democracia o Brasil deseja ser.
- Atualização feita às 14h59 desta quarta-feira (29/06): Por 4 votos a 1, a 8ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP manteve a condenação de Bolsonaro. Elevou a indenização a ser paga à jornalista Patrícia Campos Mello para R$ 35 mil. Alvíssaras!
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