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Boris Johnson vai à enciclopédia como um fiasco
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Boris Johnson renunciou ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido como um dos mais débeis personagens que já passaram pelo posto. Mal comparando, revelou-se uma espécie de Trump com verniz intelectual, adquirido no aristocrático Eton College e em Oxford. Colecionador de crises, caiu nas pegadas de um caso de assédio sexual. Desce ao verbete da enciclopédia como um fiasco.
Com o Brexit, Johnson ateou em parte dos britânicos uma nostalgia da União Europeia. Com o negacionismo, demonstrou que a imbecilidade não tem ideologia. Levado à UTI, passou a respeitar o vírus. Mas afrontou a paciência alheia ao participar de festinhas em Downing Street, enquanto impunha restrições sanitárias aos súditos da rainha.
Escapou por pouco de uma moção de desconfiança no Parlamento. Ainda fazia pose de neo-Churchill diante da guerra na Ucrânia quando lhe caiu no colo um caso de assédio sexual. Acobertou e promoveu um auxiliar próximo mesmo sabendo que ele fora visto apalpando dois homens num clube.
Pilhado no contrapé, Johnson atracou-se ao cargo como náufrago que se agarra a um jacaré imaginando que é um tronco. Para sorte dos britânicos, vigora em Londres o parlamentarismo. Com os auxiliares batendo em retirada, Johnson foi como que renunciado.
Empurrando Boris Johnson na direção da porta de saída, o Partido Conservador preservou a sanidade e a perspectiva de administrar a escolha do substituto. Impossível para um brasileiro lançar um olhar na direção de Londres sem esboçar uma ponta de inveja. Erros todos cometem. Mas o parlamentarismo facilita o desfecho da crise. De resto, assédios, mentiras e tentativas de acobertamento produzem consequências em certos lugares.
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