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Mulheres e nordestinos precisam de surto de amnésia para votar em Bolsonaro
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Bolsonaro transformou em comício a cerimônia de promulgação da PEC eleitoral no Senado. Teleguiado pelo comitê da reeleição, leu um discurso que expõe as prioridades de sua campanha: mulheres e nordestinos. Bolsonaro detesta estatísticas eleitorais. Mas seus operadores não rasgam pesquisa. Segundo o Datafolha, 62% dos nordestinos e 61% das mulheres declaram que jamais votariam em Bolsonaro. Os magos da campanha oficial esperam reduzir a aversão com os R$ 41 bilhões que o Congresso autorizou Bolsonaro a aplicar na compra de sua passagem para o segundo turno.
Ao tocar o bumbo do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, Bolsonaro realçou que dois terços dos benefícios são pagos a mulheres. O "nosso Nordeste", como o presidente se referiu à região que o abomina, é o pedaço do mapa brasileiro que concentra o maior número de beneficiários de programas sociais. Não se ouviu nenhuma palavra sobre o caráter transitório da generosidade eleitoral. Os mimos previstos na PEC do vale-tudo desaparecem em dezembro.
Pai de quatro homens, Bolsonaro já declarou que só teve uma filha porque deu "uma fraquejada". Ao criticar a vinda de turistas gays para o Brasil, declarou: "Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade". Costuma chamar nordestinos de "pau de arara", "paraíba", "cabeção" e "cabeça chata". Ou seja: para que a estratégia do staff da campanha funcione, será necessário que mulheres e nordestinos sofram um surto de amnésia.
Depois de comer o queijo do orçamento secreto, o centrão autorizou Bolsonaro a distribuir ao eleitorado pobre os buracos que atormentarão o presidente a ser empossado em janeiro de 2023. Ao votar a favor da emenda da gastança, o PT e seus aliados levaram água para o moinho do adversário. A PEC bilionária tornou-se a principal aposta de Bolsonaro para levar a disputa com Lula para um segundo turno.
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