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Busca por imunidade escancara medo de Bolsonaro de parar atrás das grades
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O nó do novo dilema que assedia a democracia brasileira não é o medo de Bolsonaro de ser preso. A questão é saber como as instituições reagirão à tentativa do presidente de obter uma imunidade preventiva caso se confirme sua derrota nas eleições presidenciais. Prepostos de Bolsonaro percorrem os bastidores de Brasília como patrocinadores de articulação malcheirosa para obter uma solução qualquer que ofereça ao presidente uma garantia de impunidade que consolidaria o Brasil como uma reles subdemocracia a caminho do naufrágio.
A ponta do iceberg foi exposta publicamente numa entrevista do ministro das Comunicações, Fábio Faria, ao Globo. Foi publicada em 28 de julho. Indagado sobre a reiteração dos ataques de Bolsonaro a ministros do Supremo e ao sistema eleitoral, o ministro previu uma "solução pacífica" para a crise neste mês de agosto. Segundo ele, a pacificação nasceria de uma "discussão entre o presidente do TSE (leia-se Alexandre de Moraes) e o presidente da República".
Na previsão de Fabio Faria, o entendimento viria antes do feriado de 7 de Setembro. Foi como se o ministro informasse que, havendo um acordo, Bolsonaro pararia de rosnar para o feriado nacional como um cachorro louco. O nome disso é chantagem. Simultaneamente, a Procuradoria do antiprocurador Augusto Aras pede ao Supremo que arquive os pedidos de inquérito da CPI da Covid contra Bolsonaro. Isso também tem nome. Chama-se conivência. Ou prevaricação.
De repente, ressurge do nada no Congresso a proposta marota de presentear os ex-presidentes da República com cadeiras vitalícias no Senado, com direito a imunidade. Isso evitaria que Bolsonaro, sem mandato, fosse enviado para a cadeia por um juiz de primeira instância, como aconteceu com Michel Temer. A iniciativa traz as digitais do centrão —o mesmo grupo que se lambuzou no mensalão e no petrolão, antes de enfiar os dedos no melado do orçamento secreto.
Essa gente representa os valores mais tradicionais da política brasileira: o acobertamento, o compadrio, o patrimonialismo, o fisiologismo... Ao tentar pavimentar um futuro tranquilo para Bolsonaro, o centrão ensaia o desembarque. O capitão iria para o Senado, o centrão flertaria com o novo governo, e a democracia brasileira continuaria no brejo.
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