Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Bolsonaro flerta com vexame ao ironizar a 'pobrezE' que viceja na Argentina
Bolsonaro flertou com o vexame ao ironizar a notícia segundo a qual o Ministério de Obras da Argentina decidiu usar em caráter oficial oficialmente a chamada linguagem neutra, não sexista. Nesse linguajar, a terminação com artigos masculinos ou femininos é substituída em algumas palavras pelas letras "X" ou "E".
Bolsonaro correu às redes sociais para lamentar o uso da "linguagem neutra". Indagou: "No que isso ajuda" o povo da Argentina? Escarneceu: "Agora há 'desabastecimentE', 'pobrezE' e 'desempreguE'" no país vizinho. Pesquisa do Datafolha publicada nesta quarta-feira sinaliza que Bolsonaro deveria dar uma boa olhada ao redor antes de tentar a sorte como humorista.
Um em cada três brasileiros informa que a quantidade de comida disponível sobre a mesa foi insuficiente para alimentar a família. O percentual dos que se declaram sub-alimentados subiu de 26% em maio para 33% em julho. O drama é maior dependendo do público. Entre as mulheres, 37% dizem não ter acesso a comida suficiente. O percentual sobe para 46% nas famílias com renda de até dois salários mínimos.
O Datafolha detectou um fenômeno incômodo, uma espécie de liberalismo da fome: 17% dos entrevistados informam que tiveram que vender algum objeto de valor nos últimos meses para comprar comida. O percentual dos que trocaram bens por comida sobre para 24% entre os mais pobres. Na clientela do Auxílio Brasil, o índice foi de 27%. Entre os desempregados, 32%.
Horas antes de fazer piada com a realidade da Argentina, Bolsonaro voltou a questionar as urnas eletrônicas e a atacar ministros do Supremo e do TSE numa entrevista radiofônica. O capitão talvez devesse perguntar a si mesmo no que sua raiva ajuda a melhorar a realidade dos 33 milhões de Brasileiro que passam fome sonhando com o dia em que suas tripas experimentarão uma fome de presidente da República, do tipo que pode ser saciada abrindo a geladeira do Palácio da Alvorada, fornida com todas as iguarias e guloseimas que o déficit público pode pagar.
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