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Em vez de tirar pobres do buraco, Bolsonaro se dedica a jogar terra em cima
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Num esforço para manter viva sua candidatura à reeleição, Bolsonaro está prestes a asfixiar os brasileiros que estão pendurados no Auxílio Brasil. Começa a ser pago na semana que vem o benefício vitaminado de R$ 600. Para multiplicar o efeito eleitoral da novidade, o governo encosta nos beneficiários do antigo Bolsa Família empréstimos consignados, descontados na folha dos benefícios.
Trava-se uma corrida contra o relógio. O comitê da reeleição tem pressa. Deseja que os empréstimos, já aprovados pelo Congresso, comecem a ser liberados ainda em agosto, levando ao bolso dos eleitores pobres R$ 2.600. Sairá do forno nesta semana a regulamentação do Ministério da Cidadania sobre a linha de crédito dos desesperados.
Os interessados poderão comprometer até 40% do benefício mensal. Não haverá limite para a taxa de juros. Agentes financeiros já assediam os clientes potenciais com taxas de 5% ao mês. Ou 79% ao ano. Um assalto a mão desarmada. Para reforçar a sedução, acenam com um prazo de carência para o início do pagamento. Ou seja: o sujeito tira o empréstimo agora e só começa a pagar depois da eleição, quando o estelionato eleitoral já estiver consumado.
Pesquisa do Datafolha revelou que um em cada três brasileiros declara que não dispõe de comida suficiente para alimentar a família. Entre os entrevistados, 17% informaram que tiveram que vender algum bem de valor para comprar comida. Num ambiente assim, a oferta de crédito fácil é tentadora.
O problema é que os empréstimos não produzem brasileiros bem alimentados, mas superendividados. No desespero, o eleitor é compelido a contrair dívidas acima da sua capacidade de pagamento. Abertas as urnas, perceberá que, além de continuar no buraco, o candidato à reeleição lhe jogou terra em cima.
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