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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula desbota bandeira do PT para esvaziar bruxarias eleitorais de Bolsonaro

Bandeira do PT - Sergio Lima/Folhapress
Bandeira do PT Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Colunista do UOL

09/08/2022 10h15

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No material da campanha de Lula, a cor característica do PT se diluirá em meio às tonalidades da bandeira brasileira. O vermelho será misturado nos adesivos e panfletos a tons de azul, amarelo e verde. Por trás da providência singela esconde-se a essência da estratégia eleitoral de Lula no embate que trava com Bolsonaro.

No gogó, parte do petismo ainda sonha com vitória no primeiro turno. Na prática, a campanha de Lula já se equipa para a batalha da segunda rodada.

Bolsonaro sacode desde logo o lençol do fantasma do comunismo. Os governos petistas notabilizaram-se pelo dinheirismo, não pelo comunismo. Mas na campanha do capitão, como nas guerras, a primeira vítima é a verdade.

Antevendo as bruxarias que estão por vir, os estrategistas do PT tentam retirar do baralho a carta do radicalismo. Em privado, Lula diz que, quanto mais irascível soar Bolsonaro, mais sereno será a sua retórica. O compromisso não orna com o estilo palanqueiro do personagem.

Mal comparando, ocorre em 2022 algo semelhante ao que sucedeu há quase quatro décadas, quando Tancredo Neves pediu que fossem evitadas as bandeiras vermelhas nos seus comícios. Agonizante, a ditadura militar havia apertado o botão de "dane-se".

Surgiram em Brasília cartazes em que Tancredo era retratado contra um pano de fundo vermelho, ornamentado com a foice e o martelo. Agora, além de desbotar a bandeira do PT, Lula surfa a onda de manifestos pró-democracia. Tenta recriar contra o governo civil mais militar da história a atmosfera que vigorava no alvorecer da fase de redemocratização.