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Em vez de suavizar o marido, Michelle comete o pecado da bolsonarização
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Após enorme relutância, Michelle Bolsonaro rendeu-se aos apelos do comitê da reeleição, entrando de cabeça na campanha. Imaginou-se que ajudaria a atenuar a taxa de rejeição de Bolsonaro entre as mulheres, que rodava na casa dos 54% no último Datafolha. No entanto, em vez de suavizar o marido, Michelle se bolsonarizou.
Madame achou que seria uma boa ideia compartilhar no Instagram um vídeo com mensagem tóxica escrita por uma vereadora bolsonarista de São Paulo. Nele, Lula é exibido recebendo um banho de pipoca em ritual religioso. Coisa gravada em agosto do ano passado, num encontro de Lula com o movimento negro da Bahia. A legenda do vídeo associa o ritual de matriz africana às trevas. E sustenta que Lula entregou a alma ao Tinhoso em troca do retorno ao Planalto. Michelle anotou: "Isso pode, né? Eu falar de Deus, não!"
Ficou entendido que, na corrida presidencial, o que Michelle pede a Deus não é que seja feita a Sua vontade, mas que Ele aprove a de Bolsonaro. A mulher de Lula, Rosângela da Silva, a Janja, enxergou no preconceito de Michelle uma oportunidade a ser aproveitada. Disse ter aprendido que "Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e o credo."
Em matéria de religião, não há denominação boa ou ruim. A melhor religião é a aquela que consegue tornar o ser humano melhor. Michelle tem o direito de exercitar a sua fé como bem entender. Mas no exercício da política, faria um bem a si mesma e ao Estado laico se evitasse expor seus preconceitos. O diabo é que a proximidade é contagiosa. E a família Bolsonaro dá preconceitos como a bananeira dá bananas.
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