Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O programa de Bolsonaro é um blá-blá-blá fake
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O programa de governo de Bolsonaro não foi feito para ser lido a sério. Quem percorre o documento se arrisca a perder tempo. Quem lê e acredita passa por imbecil. O texto é 100% feito de empulhação. Trata-se de um blá-blá-blá fake.
A plateia ainda não digeriu a violência institucional que levou à aprovação da PEC da eleição, aquela que transformou o Tesouro Nacional em cabo eleitoral de Bolsonaro. Mas o capitão promete em seu plano "a permanência das políticas públicas sustentáveis e sem viés eleitoreiro".
Depois de mandar às favas o teto de gastos, Bolsonaro se compromete com a "manutenção da responsabilidade fiscal, com o aumento da efetividade nos gastos públicos e com as reformas estruturantes". Anota que manterá o país no "caminho da prosperidade, com a implementação e a consolidação: da reforma econômica de cunho liberal."
Estalando de pureza moral, o presidente esquece a submissão ao centrão, o orçamento secreto, os pastores do MEC e a dinheirama desviada na Codevasf para informar que a trilha da prosperidade passa pela "permanência das políticas públicas sustentáveis e sem viés eleitoreiro, da retomada da moralidade pública, pelo combate à corrupção."
Depois de impor sigilo de 100 anos para todos os vexames pessoais e do seu governo, um dia depois afirmar num podcast que não deve explicações a ninguém, Bolsonaro —ou quem escreveu o programa em seu nome— sustenta que o governo "não tem medo de mostrar seus atos". Faz uma exaltação da vitrine.
Está escrito no programa: "A transparência garante a todo cidadão, ao pesquisador ou ao jornalista, dentre outros, a facilidade e a possibilidade de verificar o que o governo está fazendo." Por isso, "deve ser estimulada ao máximo em um governo que já se mostrou ético e continuará nessa direção como algo inegociável, que combate a corrupção..."
Bolsonaro parece ter concluído que a melhor maneira de convencer as pessoas de que os problemas foram resolvidos é mentir exaustivamente. Exausto, o brasileiro não se animaria a exigir nada.
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