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Mesura de Moraes com Bolsonaro é bagunça
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Ninguém deveria cometer a mesma tolice duas vezes. Primeiro por sensatez. Segundo porque possibilidade de escolha de tolices alternativas é muito grande. Mas Alexandre de Moraes deu de ombros para o bom senso. Na bica de assumir a presidência do TSE, na próxima terça-feira, o ministro foi ao Planalto entregar a Bolsonaro o convite para a solenidade de posse. Cometeu pela segunda vez a mesma temeridade.
Moraes tomou posse como vice-presidente no final de fevereiro. Foi ao Planalto na ocasião junto com Edson Fachin, que assumiu a presidência da Corte. Convidado, Bolsonaro ignorou a posse da dupla de desafetos. Alegou que tinha outros compromissos. E continuou espancado urnas e magistrados. Dessa vez, Moraes recebeu do Planalto um aviso de que a atitude do capitão seria diferente. Correu ao gabinete presidencial na companhia do seu vice, o ministro Ricardo Lewandowski.
Moraes é relator de três dos cinco processos que Bolsonaro responde no Supremo Tribunal Federal. Entre eles o inquérito sobre fake news. Horas antes de recepcionar seu algoz, o presidente discursara para uma plateia do agronegócio. Como de praxe, atacou o sistema eleitoral e magistrados. A certa altura, recomendou à plateia a compra de armas. "Não queremos ser lobo, mas não queremos ser cordeiro de dois ou três", disse ele, referindo-se a Moraes, Fachin e Luis Roberto Barroso.
Bolsonaro declarou que a "liberdade não tem limites." Foi enfático: "Não tem papinho de fake news". Alega-se que Moraes resolveu entregar pessoalmente um convite que poderia ser enviado por um mensageiro por uma questão de respeito institucional. Juiz que trata com tanta deferência um presidente que já o chamou de "canalha" e acha que dispõe de licença para mentir confunde institucionalidade com bagunça.
Quando as mesuras ocorrem num instante em que auxiliares do presidente espalham a versão segundo a qual o TSE, agora sob nova administração, estaria disposto a aceitar alguma sugestão das Forças Armadas para aprimorar as urnas eletrônicas, a bagunça ganha ares de capitulação.
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