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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

No pós-11 de agosto, "minhas Forças Armadas" têm de dizer de que lado estão

Colunista do UOL

12/08/2022 09h30

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O dia 11 de agosto de 2022 já desceu ao verbete da enciclopédia como a data em que a sociedade brasileira ergueu barricadas contra o golpismo de Bolsonaro. Em reação, o presidente intensificou o plano de transformar o próximo 7 de Setembro numa trincheira do bolsonarismo. Entre uma data e outra, o fantasma que o capitão chama de "minhas Forças Armadas" dispõe de 27 dias para esclarecer se vai voltar para dentro da Constituição ou se continuará vagando ao redor do caos.

Esperava-se para esta sexta-feira uma sinalização do rumo que as Forças Armadas irão tomar. Mas o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral que prorrogue por mais uma semana —deste dia 12 para 19 de agosto— o encerramento do trabalho dos militares escalados para inspecionar os códigos-fonte das urnas eletrônicas.

No seu primarismo de resultados, Bolsonaro reagiu ao ato histórico ocorrido na Faculdade de Direito da USP com dois lances. Num, tentou partidarizar um movimento que reuniu gente de esquerda, de centro e de direita. Noutro, contrapôs aos manifestos de 11 de agosto algo que chamou de "ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel."

Foi como se o presidente dissesse aos seus críticos, com outras palavras, mais ou menos o seguinte: "Enquanto vocês pedem democracia eu me preocupo com o bolso dos brasileiros. Veremos o que dá mais votos." Simultaneamente, Bolsonaro soltou a coleira do bolsonarismo para intensificar nas redes sociais o plano que prevê o sequestro do 7 de Setembro.

A conversão do bicentenário da Independência do Brasil em data nacional da arruaça bolsonarista seria um sacrilégio hediondo. A eventual cumplicidade das Forças Armadas levaria os militares a marchar na contramão da sociedade.

  • Assista à íntegra do UOL News com comentários de Josias de Souza: