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Posse de Moraes foi uma sessão de terapia para tratar loucuras de Bolsonaro
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O Tribunal Superior Eleitoral virou, por um par de horas, uma espécie de centro terapêutico. A posse de Alexandre de Moraes na presidência da Corte foi uma sessão de terapia para tratar Bolsonaro de suas loucuras. A composição da plateia envolveu a cerimônia numa atmosfera de psicanálise de grupo, na qual o capitão foi o paciente e o establishment foi seu terapeuta. Ao final, ficou entendido que, se Bolsonaro é maníaco, Moraes recebeu o aval da República para deixá-lo depressivo.
O plenário do TSE, com seu carpete e suas poltronas vermelhas, parecia um divã comunista. Acomodado na mesa de autoridades, Bolsonaro tinha à sua frente, na primeira fila, Lula. À sua esquerda, revezaram-se Edson Fachin, o "leninista", e Alexandre de Moraes, o "canalha" que o sucedeu na chefia do tribunal. O cenho crispado denunciava o desconforto de Bolsonaro. Sem direito a microfone, ouviu o discurso de Moraes com os lábios cerrados e os olhos vidrados.
"Somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. E isso é motivo de orgulho", disse Moraes, antes de chamar de "nefasta fase da democracia" a era do voto em cédulas de papel. Foi aplaudido de pé. Carlos Bolsonaro, gerente da usina digital que industrializa o ódio bolsonarista, permaneceu sentado. Moraes prosseguiu: "Liberdade de expressão não é liberdade de agressão, não é liberdade de destruição da democracia..."
Transmitida ao vivo para todo país, a terapia de Bolsonaro foi testemunhada in loco pela fina flor dos três Poderes, quatro ex-presidentes da República, 22 governadores, uma dezena de prefeitos e 45 embaixadores de países estrangeiros. Foi como se o Brasil e o mundo repudiassem as ameaças à democracia, avalizando futuras providências de Moraes. Horas antes, discursando em Juiz de Fora, Bolsonaro convocara seus devotos para o show pirotécnico que realizará na orla de Copacabana em pleno 7 de Setembro. Freud não explica. É como se o presidente informasse ao eleitorado que não quer sair do Planalto. Ele deseja receber alta.
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