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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Crescimento lento no Datafolha empurra comitê de Bolsonaro para pancadaria

 Datafolha: Lula vence Bolsonaro em SP, RJ e MG  -  O Antagonista
Datafolha: Lula vence Bolsonaro em SP, RJ e MG Imagem: O Antagonista

Colunista do UOL

18/08/2022 23h29

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A principal novidade da nova pesquisa Datafolha é a ausência de novidades no comportamento do pedaço mais pobre do eleitorado. O início do pagamento do Auxílio Brasil vitaminado ainda não rendeu votos para Bolsonaro no rodapé da pirâmide social. Entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos, que compõem 51% da amostra, o presidente manteve os mesmos 23% que amealhara em 29 de julho. Lula oscilou um ponto para cima, somando 54%.

No resultado global, caiu de 18 para 15 pontos a vantagem de Lula (47%) sobre Bolsonaro (32%). O candidato petista se manteve estável. O presidente subiu três pontos. No cenário de segundo turno, a diferença sobre para 17 pontos. Bolsonaro e seus operadores esperavam que a conversão do Tesouro em cabo eleitoral produzisse uma enxurrada de votos. O avanço em conta-gotas apressa o plano dos estrategistas de Bolsonaro de submeter Lula a uma pancadaria sem precedentes. Os golpes abaixo da linha da cintura, já iniciados nas redes sociais, migrarão na semana que vem para a propaganda eletrônica no rádio e na TV.

Bolsonaro deve seu crescimento miúdo no cômputo geral sobretudo ao avanço graúdo que obteve em dois nichos que se sobrepõem na amostra do Datafolha. Ele cresceu sete pontos entre os eleitores que ganham de 2 a 5 mínimos, empatando tecnicamente com Lula. Esse grupo é suscetível à queda no preço dos combustíveis e da energia. Bolsonaro cresceu seis pontos entre os evangélicos, alargando para 17 pontos sua vantagem sobre Lula. Nessa faixa estão os eleitores que aplaudem Michelle Bolsonaro e a pauta de costumes do presidente.

Hoje, Lula somaria 51% dos votos válidos. A hipótese de vitória no primeiro turno ainda é uma possibilidade estatística. Mas vem decrescendo desde maio, quando a soma dos votos válidos atribuídos a Lula era de 54%, fora da margem de erro. A conjuntura impõe a Bolsonaro um desafio duro de roer. Graças à inanição da terceira via, o capitão já não tem de onde tirar votos. Ciro Gomes ainda dispõe de 7% das intenções de voto. Mas esse ativo está mais próximo de Lula do que de Bolsonaro.

Para garantir o segundo turno, Bolsonaro precisa roubar votos de Lula. Não será fácil, pois 75% dos eleitores dizem estar totalmente decididos sobre a opção de voto. A taxa de certeza é maior entre os eleitores de Bolsonaro (80%) e de Lula (83%). A campanha de Bolsonaro abrirá a caixa de ferramentas para tentar reativar o antipetismo de 2018. O diabo é que 51% dos eleitores declaram que jamais votariam no atual presidente. A ojeriza a Lula é bem menor: 37%. Ou seja: o antibolsonarismo vai se tornando a maior força política de 2022.