Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ciro Gomes carrega oposição a ele mesmo dentro da boca
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A principal força de oposição à candidatura presidencial de Ciro Gomes está escondida dentro da boca do candidato. Ciro mantém com sua língua um relacionamento conflituoso. Às voltas com sua quarta campanha presidencial, o candidato corre atrás dos votos de brasileiros pobres. Mas sua língua continua desfrutando de vida própria. Além de se expressar na linguagem empolada dos mais ricos, ela não abandonou o hábito de falar dez vezes antes de pensar.
No penúltimo desentendimento com seu dono, a língua de Ciro encantou-se com o elogio de um empresário. Chamou de "gente preparada" uma plateia endinheirada da Federação das Industrias do Rio de Janeiro. E declarou que seria um "serviço pesado" ter que explicar suas ideias para a turma da favela.
O Brasil voltou ao mapa da fome. O salário mínimo já não compra uma cesta básica. Ciro faz campanha oferecendo aos favelados empregos, plebiscitos para emparedar o Congresso, benefício social de R$ 1.000 por mês, nome limpo no SPC, internet de graça e financiamento camarada para a compra do celular. Com tudo isso, o candidato rala sua insignificância abaixo dos dois dígitos na pesquisa.
Ciro atribuiu às máquinas de ódio do petismo e do bolsonarismo a má repercussão da frase que contrapôs a "gente preparada" da Firjan à turba da favela. Numa campanha, se um candidato tem o que oferecer, vende o seu peixe e aguarda a abertura das urnas.
Ciro ainda dispõe de 30 dias para realizar o "serviço pesado" de se conectar com o eleitorado pobre. Faria um bem a si mesmo se procurasse um culpado defronte do espelho. Com a boca aberta, talvez enxergue a língua.
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