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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Crises potencializam os poderes de Flávio Dino

Colunista do UOL

20/04/2023 10h25

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De crise em crise, Flávio Dino vai se consolidando como um dos ministro mais poderosos do terceiro mandato de Lula. Na crise do 8 de janeiro, havia expandido sua zona de influência para o território do governo do Distrito Federal ao acomodar Ricardo Capelli, número 2 do Ministério da Justiça, na cadeira de interventor na Secretaria de Segurança de Brasília. Na crise da violência nas escolas, Dino colocou um pé na canoa do Ministério da Educação. Agora, Lula atrai Dino para dentro do Planalto ao nomear Capelli, o mesmo que atuara como interventor na segurança do DF, para substituir interinamente o demitido general Gonçalves Dias na chefia do Gabinete de Segurança Institucional.

Lula dá a Dino uma mão forte que sonega a outros ministros. Os fatos se encarregarão de manter o chefe da pasta da Justiça na ribalta. Graças à gradativa ampliação do seus poderes, Dino se transformou num dos alvos preferenciais da milícia legislativa do Bolsonaro. Tornou-se potencial depoente de uma cada vez mais provável CPI do Golpe.

A essa altura, o Planalto torce para que a oposição bolsonarista mantenha Dino na alça de mira numa eventual CPI. Avalia-se que o ministro da Justiça compensaria com seus conhecimentos jurídicos e sua habilidade política a precariedade e a inépcia de outros alvos. Entre eles o general Gonçalves Dias.

Neste início de governo, Dino já foi arrastado pela oposição para prestar esclarecimentos num par de comissões da Câmara —a de Constituição e Justiça e a de Segurança Pública. As duas sessões converteram-se em espetáculos de incivilidade, com ataques ao ministro e troca de insultos entre bolsonaristas e governistas. Dino saiu incólume de ambas.