Josias de Souza

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Sob Lula, 'inteligência' da Abin revelou-se uma qualidade inútil

Herdeira dos maus hábitos do SNI, a Abin nunca fez jus ao nome. Mas passou a exagerar. Nos primeiros meses do governo Lula, a Agência Brasileira de Inteligência revelou-se incapaz de detectar sua própria desinteligência. Após manter nos seus quadros enroscos herdados de Bolsonaro, a Abin afastou por pressão do ministro do Supremo Alexandre de Moraes servidores dos quais deveria ter se livrado por opção antes da posse, ainda na fase de transição.

A atmosfera malcheirosa leva o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, a prestar esclarecimentos no Congresso. Será ouvido nesta quarta-feira, a portas fechadas, na Comissão Mista de Atividades de Inteligência do Congresso. Terá de explicar, por exemplo, por que esperou pela prisão dos agentes Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycki, na última sexta-feira, para publicar a exoneração de ambos em edição extra do Diário Oficial. Os processos de demissão estavam concluídos desde março.

O chefe da Abin precisará esclarecer também por que nomeou Paulo Maurício Fortunato para chefiar a Secretaria de Planejamento e Gestão, terceiro posto na hierarquia da agência, se a biografia dele já estava enganchada numa encrenca. Sob Bolsonaro, Fortunato foi diretor de Operações da Abin. Operacionalizou o uso ilegal de software israelense para bisblotar adversários do governo. Seguia-os pelo rastro do sinal do celular. A PF apreendeu US$ 171,8 mil na casa de Fortunato, que só foi exonerado nesta terça-feira (24).

O principal dever de um órgão de inteligência é desconfiar da própria inteligência. Quando assumiu o comando da Abin, no final de maio, Luiz Fernando Corrêa manteve na gaveta a demissão de duas encrencas e promoveu um problema à posiçao de número 3 da agência. Exagerou na falta de astúcia.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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