Inépcia extrema e clima irascível tornam breu novo normal em SP

A luz percorre 299.792.458 metros por segundo. Exceto, naturalmente, no escuro que a Enel fornece à sua clientela em São Paulo. O consumidor ainda nem se refez do trauma do apagão passado e já convive novamente com a falta de luz. Atribuiu-se às chuvas de quinta-feira o breu imposto a 290 mil domicílios. Teme-se que algo pior ocorra no final de semana.
A Defesa Civil avisa sobre o risco de novas tempestades, com rajadas de vento de 100 km por hora. Submetidas às chuvas e à ventania, as árvores mal podadas serão novamente apresentadas como vilãs quando começarem a tombar sobre a fiação elétrica.
No apagão passado, agentes públicos e privados gastaram mais tempo e energia falando dos problemas do que apresentando soluções. Em meio a uma escuridão que durou até seis dias para milhares de paulistanos, ficou claro que a escuridão será parte de um novo normal que nasce do cruzamento da inépcia extrema com o clima irascível.
O pior está por vir. A onda de calor eleva o consumo de energia. Nesta semana, a demanda ultrapassou pela primeira vez, por dois dias consecutivos, a marca de 100 mil MW. Os reservatórios das hidrelétricas, que produzem 65% da energia consumida no país, estão cheios. Ainda assim, o Operador Nacional do Sistema Elétrico viu-se compelido a acionar as termelétricas, que são caras e sujas.
Sem alarde, já se discute em Brasília a hipótese de elevação do preço das contas de luz. As termelétricas são movidas a combustíveis fósseis. Borrifam no ar os gases que transformam a atmosfera numa estufa. Ou seja: o clima vai esquentar e as tempestades serão mais frequentes. Nesse ambiente, o sujeito pagará mais caro por uma energia elétrica que não sabe se vai ter.
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