Negociar com Maduro sem exigir fim do terror ofende a dignidade
Filmada e exposta nas redes sociais, a detenção de María Oropeza, integrante do staff da líder oposicionista da Venezuela María Corina Machado, reforça duas sinalizações já bem petrificadas. Para o exterior, a pecepção de que Nicolás Maduro está se lixando para a pressão de outros países. Para o público interno, a certeza que a oposição não está a salvo em nenhum lugar. Será alcançada pelo terror estatal no asfalto, nas sedes partidárias, em casa, em toda parte...
Maduro pede há uma semana para ser ouvido por Lula. Atendê-lo prontamente teria sido uma imprudência que o amigo preferiu evitar. O Planalto permitiu que prosperasse, no entanto, a expectativa de que a conversa poderia ocorrer nesta quarta-feira. Atender o ditador agora, além de temerário, será uma ofensa à dignidade. Enquanto não desligar sua máquina repressiva, Maduro merece repúdio, não diálogo.
Lula impôs como condição para atender ao telefonema de Maduro a participação, por videoconferência, de duas testemunhas: os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, López Obrador. Falta ajustar as agendas. Condicionou o contato, de resto, ao agendamento de um contato também com o candidato da oposição, Edmundo González. Falta localizá-lo, pois ele e sua madrinha, María Corina, estão escondidos do regime.
Maduro fez o pedido de conversa com Lula 24 horas depois de o presidente brasileiro ter declarado, na terça-feira da semana passada, que não via "nada de grave", "anormal" ou "assustador" na Venezuela. Desde então, a conjuntura venezuelana evoluiu do caos para o pântano. Potencializaram-se a gravidade e a anormalidade da conjuntura. O espantoso tornou-se horripilante. Qualquer evolução precisa estar condicionada a uma noção qualquer de respeito ao fator democrático.
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