Advogado insinua que Bolsonaro seria vítima, não mentor do golpe
Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, vê os militares indiciados no inquérito sobre a tentativa de golpe como fardos, não como aliados do seu cliente. Nesta sexta-feira, em entrevista à Globo News, o doutor jogou ao mar oficiais do Exército acusados pela Polícia Federal de planejar o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
"Quem seria o grande beneficiado?", indagou Paulo Bueno, antes de responder: "Segundo o plano do general Mário Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo. E nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro".
Mário Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, é o general palaciano a quem a PF atribuiu a elaboração do plano de extermínio. Consumados os homicídios, seria instalado no segundo andar do Planalto um gabinete de gestão da crise, sob a chefia de Augusto Heleno e a coordenação de Braga Netto, outros dois generais que comandaram escrivaninhas na Presidência do capitão.
"Não tem o nome do presidente Bolsonaro lá", disse Cunha Bueno. "Ele não seria beneficiado. Quem iria assumir o governo [...] não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo".
Bolsonaro já havia declarado que o Plano Punhal Verde e Amarelo é "papo de quem tem minhoca na cabeça." De repente, descobre-se que a alegação de que Bolsonaro "não sabia" de nada compõe o miolo da defesa a ser apresentada ao Supremo Tribunal Federal.
Escorando-se em provas recolhidas durante dois anos de investigação, a PF concluiu que Bolsonaro "planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito."
Agora, o defensor de Bolsonaro pede, com outras palavras, que o brasileiro se finja de bobo em nome construção da tese segundo a qual generais protobolsonaristas planejavam golpear o próprio Bolsonaro.
Muitas cidades brasileiras possuem uma rua Voluntários da Pátria. Prevalecendo a teoria da defesa de Bolsonaro, logo surgirá em algum município dirigido por prefeito simpático ao bolsonarismo uma rua Traidores da Pátria.
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