Se cinismo matasse, Bolsonaro precisaria de safena no caráter
Com a arca do golpe afundando, os planos de 2026 indo a pique, Bolsonaro apaixonou-se pela "anistia". Como não é correspondido, recorre à súplica: "Eu apelo aos ministros do Supremo, eu apelo. Por favor, repensem, vamos partir para uma anistia".
O capitão deu nome aos bois do seu presépio natalino: "Se tivesse uma palavra do Lula ou do Alexandre de Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido. Não querem pacificar? Pacifica!".
Bolsonaro e compostura nunca foram elementos conciliáveis. Mas o indiciado exagera. Na entrevista à revista Oeste, soou desconexo. Repetiu que não houve uma trama golpista.
Se não aconteceu, Bolsonaro precisa apenas de uma boa defesa. Algo que resulte numa improvável absolvição. Se houve a tentativa de golpe, como a Polícia Federal demonstrou, o caso é de cadeia, não de anistia preventiva.
Bolsonaro abusou da cretinice ao pedir magnanimidade àqueles que seus cúmplices planejaram assassinar. Levou o descaramento às fronteiras do paroxismo ao insinuar que a pacificação nacional depende da ressurreição de um messiânico com pés de barro.
Se o cinismo matasse, Bolsonaro precisaria não de uma ponte de safena, mas de um viaduto de safena no caráter. Ironicamente, muitos ainda o consideram um guia dos patriotas. As evidências revelam que já não serve nem para guia de cego.
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