Josias de Souza

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Opinião

Efeito Trump estreita a inimizade entre Mercosul e União Europeia

Subitamente, quase todos passaram a falar a mesma língua na Babel em que havia se convertido a negociação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. O protagonista da concórdia, suprema ironia, é um personagem ausente das articulações: Donald Trump.

O protecionismo embutido no slogan "America First" estreitou a inimizade que envenenava a formação do megamercado com 700 milhões de pessoas. França, Itália e Polônia torcem o nariz. Alegam que não se deve fechar negócio com os sul-americanos na base do vai ou racha.

Contra esse pano de fundo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desembarcou na cúpula do Mercosul, em Montevidéu, com disposição para formalizar o bloco —mesmo que rachado. Além de recear o efeito Trump, Ursula e seus aliados apavoram-se com a perspectiva de uma hegemonia da China na América do Sul.

O avanço do entendimento é uma vitória para Lula. O slogan segundo o qual "o Brasil voltou" foi momentaneamente desenferrujado. O contraste é eloquente. Em 2019, Bolsonaro havia pegado carona numa negociação que se arrastava há duas décadas. Mas estragou o que poderia ter sido um grande feito ao dar de ombros para as queimadas na Amazônia.

O capitão soprou as brasas da crise ambiental que os agricultores europeus, sobretudo os franceses, usaram para torpedear o acordo que aproxima o agronegócio brasileiro das geladeiras da da Europa. Com o fechamento do acordo, os negócios não explodirão instantaneamente. Há outras fases por vencer. Por ora, cabe comemorar o fato de o Brasil ter parado de fazer gol contra.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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