Josias de Souza

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Opinião

Armada de martelo, Gleisi ignora que Campos Neto é prego gasto

No trato com Roberto Campos Neto, o Planalto e o PT adotam a lógica do martelo. Martelam o presidente do Banco Central impiedosamente a cada elevação da taxa de juros. A partir de janeiro, Lula e seus correligionários petistas se arriscam a martelar os próprios dedos, pois assumirá o trono do BC o economista Gabriel Galípolo, um prego companheiro.

Desafiado por uma inflação que furou o teto da meta, batendo em 4,87% no acumulado de doze meses, o BC viu-se compelido a dar um choque na política monetária, elevando a taxa anual de juros em um ponto percentual, de 11,25% para 12,25%. Gleisi Hoffmann, a presidente do PT, abriu a caixa de ferramentas. Como de hábito, martelou Campos Neto.

"Espero que seu terrorismo fiscal também seja suplantado daqui pra frente", declarou Gleisi, esquecendo-se de lembrar —ou lembrando-se de esquecer— que a decisão do BC foi referendada pela unanimidade dos seus nove diretores, incluindo Galípolo.

De resto, Gleisi fingiu não notar que o BC comunicou que haverá outras duas elevações de um ponto percentual. Uma em janeiro, no alvorecer do Ano-Novo. Outra em março. Significa dizer que, no final do primeiro trimestre de 2025, já sob Galípolo, a taxa anual de juros será de estratosféricos 14,25%.

Campos Neto será, então, um prego gasto. Desfrutará do ócio de uma quarentena remunerada. A diretoria do BC estará renovada. Dos nove diretores, sete terão sido escolhidos por Lula. Será divertido observar os movimentos do presidente da República e dos caciques do PT. Talvez tenham que se se comportar como o sujeito que quer pregar um prego sem se machucar e segura o martelo com as duas mãos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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