Josias de Souza

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Opinião

Mulher de político em tribunal de contas é matrimônio patrimonial

Numa evidência de que amar não é coisa para amadores, cinco ministros de Lula, todos eles ex-governadores, levaram suas mulheres para dentro da folha salarial de tribunais de contas dos respectivos estados. Tudo assombrosamente dentro da lei.

Em 2022, as mulheres de Renan Filho (Transportes) e Waldez Góes (Integração) viraram conselheiras dos tribunais de contas do Amapá e de Alagoas. Em 2023, as companheiras de Rui Costa (Casa Civil) e Wellington Dias foram contempladas com poltronas análogas na Bahia e no Piauí.

Agora, chegou a vez da psicopedagoga Onélia Santana. Vem a ser mulher do ministro Camilo Santana (Educação). Está na bica de virar conselheira do Tribunal de Contas do Ceará. Uma boquinha vitalícia, com salário mensal de R$ 39,7 mil, afora as mordomias de praxe e os ganhos extras.

Sabatinada na Assembleia Legislativa cearense, Ornélia afirmou que, num "ambiente político ainda predominantemente masculino", conseguiu "quebrar barreiras" e "abrir caminhos para as novas gerações". Soou como se quisesse realçar um lado novo do feminismo, a vertente da meritocracia marital.

A repórter Júlia Affonso farejou no Piauí um cheiro de queimado que ajuda a entender como opera a usina de torrefação de verbas públicas dos tribunais de contas. O órgão piauiense, queimou R$ 7,1 milhões do contribuinte para engordar seus contracheques.

Conselheiros e procuradores piauienses receberam até R$ 480 mil em verbas extras neste ano. Tudo livre de Imposto de Renda. Rejane Sousa Dias, a mulher do ministro Wellington Dias, beliscou R$ 210 mil. A felicidade conjugal é uma maravilha. Mas converter o matrimônio em patrimônio financiado pelo contribuinte é levar o amor um pouco longe demais.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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