Em meio à maledicência sobre PIX, ressurge imposto sindical

Num instante em que o Planalto rala para desmentir a maledicência segundo a qual a Receita Federal de Lula trama tributar o PIX, o ministro petista Luiz Marinho (Trabalho) fornece munição para a oposição torpedear o governo sem recorrer à mentira. O Ano Novo mal começou e Marinho já devolveu ao noticiário o velho imposto sindical.
Foi criado, como se sabe, por Getúlio Vargas. Custava um dia de trabalho por ano aos assalariados. Até que foi extinto sob Michel Temer, em 2017. As caixas registradoras dos sindicatos perderam algo como 90% da sua receita. Desde que assumiu a pasta do Trabalho, há dois anos, Marinho tenta ressucitar a mordida no contracheque dos trabalhadores —sindicalizados ou não.
Ecoando os companheiros do sindicalismo, o ministro alega que trabalhadores beneficiados com reajustes salariais em acordos coletivos devem remunerar os sindicatos. O diabo é que a maioria dos tabalhadores não é sindicalizada. E os filiados não costumam frequentar assembleias sindicais. Para complicar, há na praça um sem-número de sindicatos de fancaria comandados por pelegos.
Num primeiro momento, Luiz Marinho tentou recriar a antiga mordida com um novo nome. Chamou-a de contribuição. Não colou. Depois, enfiou a versão edulcorada do imposto sindical num projeto sobre a regulamentação do trabalho aos domingos e feriados. Micaram a tunga e o projeto.
Agora, Marinho terceiriza sua obsessão a um parlamentar. Em entrevista ao Globo, informou que o texto será apresentado pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE). Avalia que, com mão de gato, será mais fácil vencer as resistências no Congresso.
Lula acha que seu governo comunica-se mal. Se a movimentação de Marinho serve para alguma coisa é para sinalizar que o governo de fato tem um problema. Mas ele não é apenas de comunicação.
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