Após surra do Pix, Lula adia briga com Mark Zuckerberg

Levando a polêmica sobre a regulamentação das redes sociais no gogó, Lula passa a impressão de que está sempre pronto para a briga. O diabo é que a distância entre a retórica encrespada e a ação efetiva impõe à situação certa ponderabilidade cômica.
Nesta quinta-feira, o Planalto voltou a emitir sinais contraditórios. Ainda zonzo com a surra digital que o levou a recuar no caso do Pix, Lula aproveitou os holofotes da sanção da reforma tributária para falar grosso. Estufando o peito como uma segunda barriga, disse coisas assim: "Não temos que ter medo de enfrentar mentira de fake news, fazer debate, disputa, cada dia, minuto, hora."
Simultaneamente, a AGU, braço jurídico do Planalto, empurrou para a próxima semana uma audiência pública que ocorreria nesta quinta-feira. Nela, o governo calibraria eventual ação a ser movida no Supremo contra o obscurantismo que passou a rondar o Instagram e o Facebook desde que Mark Zuckerberg, o dono das plataformas, rendeu-se a Donald Trump.
A submissão do dono da Meta a Trump instilou no Planalto a certeza de que as redes de Zuckerberg, agora avessas à checagem de fatos, chegarão a 2026 a serviço da mentira e da desinformação. Após receber explicações da empresa, na segunda-feira, a AGU disse em nota que, para o governo, "as mudanças informadas agora pela Meta não estão adequadas à legislação brasileira e não são suficientes para proteção dos direitos fundamentais."
Nesse contexto, a demora do Planalto em agir deixa Lula e seus operadores com a aparência de certos valentões de pátio de escola. Ameaçam quebrar a cara dos rivais. Mas demoram tanto a levantar do banco que comprometem a seriedade da cena.
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